sábado, 3 de março de 2012

Ah, Tróia... A Saudade!

E após o desbaste de dois volumes intensos - Helena de Tróia, Volumes 1 e 2 - fica a sensação de saudade. Pela escrita de Margaret George, a viagem foi longa, mas fascinante. Durante um mês, fui levada a Esparta, em terras gregas, conhecendo a história de Helena - primeiro, de Esparta, e só depois, de Tróia.
Envolta em inúmeros mitos, Helena nasce filha de Leda, Rainha de Esparta, com Zeus, o grande deus do Olimpo. Aceite como filha de Tíndaro, Rei de Esparta, Helena cresce envolta em brumas misteriosas que ocultavam o seu rosto maravilhoso. Mas o tempo quis que o mundo conhecesse "a mulher mais bela do mundo", para ser a sua perdição.
Helena escolhe Menelau de Micenas como seu marido, passando este ao trono de Esparta. Contudo, e embora ela o tivesse escolhido por pura atracção e admiração, o amor verdadeiro e arrebatador de que falavam os contadores de histórias parecia não acender o leito do Rei Menelau e sua Rainha Helena. Dos seus encontros, nasceu Hermíone, e nenhuma outra criança se lhe sucedeu.
Helena estava já conformada a que a deusa Afrodite se esquecera dela e de Menelau, quando recebem a visita de dois representantes de Tróia, Páris e Eneias. E é quando o seu mundo se abala incontrolavelmente. Afrodite finalmente se manifesta na vida de ambos, Helena e Páris, despertando neles um amor único.
Durante os nove dias obrigatórios de hospitalidade, Helena luta contra os pensamentos e desejo de estar com Páris, vivendo apenas um encontro furtivo no oratório da família, onde se beijam. Menelau parte para Creta, para acompanhar os ritos fúnebres da morte do avô, e é quando Helena decide fugir com Páris.
É à luz do luar que partem de Esparta, com Eneias, e viajam durante vários dias, num navio, rumo a Tróia. Pelo caminho, Helena é alcançada por uma personagem muito querida para si em Esparta, Gelanor, um amigo e uma das pessoas mais inteligentes que ela conhece, acompanhado por Evadne, uma idosa cega e com capacidades paranormais.
Chegando a Tróia, Helena apaixonada fica fascinada com a beleza daquela cidade e das suas muralhas e torres imensas. Contudo, o Rei de Tróia, Príamo, e a sua Rainha, Hécuba, não ficam propriamente satisfeitos com a loucura de Páris. As relações entre gregos e troianos eram já delicadas há vários anos, e o facto de Páris "roubar" a Rainha de Esparta aos gregos é o  início do fio para o barril de pólvora rebentar.
A cidade acaba por aceitar Helena, então mulher de Páris e nova Princesa de Tróia. Todos acreditavam que nada de mal resultaria da loucura do casal apaixonado, apesar de ambos serem perseguidos por presságios (de Helena dizia-se que seria a causa da morte de muitos gregos; de Páris dizia-se que ele seria a causa da queda de Tróia).
Contudo, Agamémnon, irmão de Menelau e cunhado de Helena (com quem havia também casado a sua irmã Clitemnestra), há muito desejava um pretexto válido para atacar os troianos e tomar posse da sua riqueza e privilégios. Lembrando uma promessa que o pai de Helena, Tíndaro, fizera realizar-se entre todos os pretendentes a maridos da sua bela filha, anos antes, na qual todos juraram proteger e defender sempre o marido escolhido contra aqueles que ameaçassem o casamento, Agamémnon viu na fuga de Helena o motivo para o ataque.
Reunindo soldados de vários reinos gregos (aqueles que quiseram cumprir o juramento), e convencendo o irmão Menelau de que iriam recuperar Helena, partiram rumo às terras de Tróia, onde montaram cerco.
A guerra durou vários anos. Tróia viu a sua beleza interior degradar-se em segredo, dentro de muralhas potentes e altivas, enquanto os gregos aguardavam a oportunidade de entrar. Várias batalhas foram travadas, e muitos morreram. Entre os principais soldados da história, destaca-se Heitor, filho de Príamo e Hécuba, irmão de Páris e futuro Rei de Tróia. Do lado dos gregos, o maior combatente é também uma figura mítica da história, Aquiles, supostamente filho de uma deusa, e um soldado impiedoso e sequioso de sangue. Acaba por ser morto pelas setas de Páris, tendo uma delas atingido o tornozelo, dando origem à expressão "tendão de Aquiles".
Páris vem a morrer de uma seta envenenada.
Decorridas muitas mortes, os gregos desaparecem do acampamento que lhes servira de lar durante anos, deixando somente uma oferta para Tróia: um enorme cavalo de madeira, com a profecia de que se aquele cavalo passasse as portas da cidade, Tróia jamais seria vencida. Inocentes e nobres, os troianos levam o cavalo para dentro da cidade, apesar dos avisos e desconfianças de Helena, e festejam até ninguém aguentar mais.
Durante a noite, Helena vê os gregos escondidos saírem de dentro do cavalo, para abrirem as portas aos soldados. E é perante confusão, sangue e fogo, que Tróia é derrubada impiedosamente, para não mais existir. Todos aqueles que não conseguem escapar são mortos, excepto algumas mulheres que são levadas para serem acrescentadas ao espólio, nomeadamente Helena, Hécuba e algumas das suas filhas (Cassandra, Políxena, Ilona e a nora Andrómaca), entre algumas outras.
Helena retorna assim com Menelau, tendo os barcos partido após o sacrifício humano de Políxena e a fuga de Hécuba. Devido a tempestades, vão parar ao Egipto, ficando reféns durante sete anos, após os quais Menelau consegue concluir as negociações com o Faraó e são libertados.
Cerca de vinte e quatro anos após a sua fuga, Helena encontra Esparta igual, mas só o pai, Tíndaro, e a filha, Hermíone, permaneciam vivos. Com o tempo, consegue fazer as pazes com a filha, e ela e Menelau perdoam-se mutuamente, sentimentos manifestos no leito de morte dele, mordido por uma cobra. Helena compreende então que é o momento de entregar o trono à filha e ao marido, e parte novamente num navio, para a sua amada Tróia... Lá, viria a entregar-se à morte, sonhando com o seu Páris eterno...

Sou suspeita para falar sobre esta história, pois sempre gostei muito da personagem Helena de Tróia. Mas para quem aprecia uma boa narrativa histórica, cheia de mistério, magia e amor, recomendo vivamente a leitura destes dois volumes. AMEI.


CJ

sábado, 14 de janeiro de 2012

Palavras

Com o tempo, damo-nos conta de todas as coisas que ainda não pudemos dizer, todas as palavras que nos enchem por dentro e são controladas todos os dias... Algumas acabam por adormecer no nosso mundo, escritas no céu em letras esbatidas pela espera e pelo esquecimento... Outras vibram, como se dentro delas um coração batesse voluntário, e não as podemos apagar, só pedir-lhes que aguardem o momento certo.
Há dias em que elas quase perdem a paciência, e ameaçam jorrar-nos boca fora, sem filtragem, sem pudor e sem medo. Simplesmente serem ditas, cada letra manipulada pela nossa língua e pelos nossos lábios e comporem assim um conjunto vivo... E com o seu som, com a sua vibração, fazerem tremer o nosso coração, abalado pela realidade assumida nas palavras, e sentindo. E vivendo.
E o coração, mensageiro intermediário do que dizemos, enche-nos o pensamento, numa explosão de palavras semelhantes às ditas e que desencadearam a torrente de vida dentro de nós... E o pensamento dança com a emoção, e as palavras tocam a música...
Ainda guardo as palavras. Mas um dia, um dia as direi...


CJ

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Becky, a Arrasa-corações

E começa a parecer que a Becky é perita em nos deixar com as pernas a tremer lol.
Estávamos na garagem, e resolvemos abrir uma frincha do portão para entrar o sol. Claro que ela se plantou de imediato lá, mas como não cabia na abertura, deixamos estar.
Até que subitamente, olhamos para ela e a vemos a tentar abrir mais o portão com a pata... Pensamos "Ela não é capaz... O portão é muito pesado...".
E pronto, lá vemos o portão a ceder um bocadito, o suficiente para a vermos em seguida a esgueirar-se para fora.
Fomos a correr e a chamá-la (coisa que já por várias vezes comprovamos que não adianta de NADA pois ela fica tão "surda" que não nos liga patavina). Mas a aventura ainda estava a começar...
Damos com ela congelada no chão da entrada, fixa numa das gatas do vizinho, que estava em cima do muro. Aproximei-me devagar, para não correr riscos, mas eis que a gata do vizinho desce o muro dela (para escapar àquela estranha), e a Becky sobe o muro atrás dela e desce para a casa do vizinho.
Vejo logo o cão a aproximar-se, sem perceber o que raio se estava a passar... A gata inicial desaparece, uma das outras sobe outro muro para se afastar, e a Becky fica no meio da rampa para a garagem, toda eriçada a olhar para o cão (que entretanto se ia tentando aproximar dela).
Provável pensamento dela: "Ups, isto correu mal...".
Provável pensamento dele: "Fonix, já não chegam as que cá vivem a chatear-me a mona, e vem mais uma?!".
Entrei no portão do vizinho, enquanto ao mesmo tempo distraíamos o cão, e vou descendo na direcção da Becky (que entretanto já estava a tirar as medidas à porta dos arrumos, onde a primeira gata provavelmente se tinha ido esconder).
Fui apanhá-la no fundo da rampa, junto ao canto do portão, já a bufar sabe Deus para quê. Peguei nela, e voltei para a garagem...
Claro que lhe ralhei. Se adiantou alguma coisa? Duvido muito...

Isto de educar filhos da rua é complicado! Até nos deixa as pernas a tremer...

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Diálogos de crianças

O J., de 4 anos, para a irmã R., de 3:

Ele: Mana, tás preparada?
Ela: Não.
Ele: Então prepara-te!
...
Ele: Mana, tás pronta?
Ela: Não.
Ele: E agora?

As crianças são tão fofas.

domingo, 4 de setembro de 2011

Becky, a Arrasa Corações

Após cerca de meia hora, o meu coração ainda não bate direito.

Resumo:

- Becky a brincar no pátio.
- Gata do vizinho passa no nosso telhado.
- Becky trepa a separação dos pátios para a ver melhor.
- Gata do vizinho fica estagnada, atenta.
- Vizinha tenta atrair a Becky para pegar nela.
- Gata do vizinho corre para 2 telhados acima; Becky corre para 1 telhado acima. O meu coração pára.
- Fartamo-nos de chamar a Becky. Ignora.
- A vizinha tenta atraí-la com comida.
- Trepo para uma mesa e empoleiro-me na separação a chamá-la. Abano a caixa de biscoitos.
- Becky olha interessada para ambas, mas a gata do vizinho é melhor; mantém-se onde está. Estou capaz de esganá-la.
- À terceira vez em que a vizinha lhe mostra comida, ela chega-se para cheirar. A vizinha agarra-lhe uma pata e consegue puxá-la.
- A Becky é-me entregue por cima do separador do pátio.

Conclusão: Becky de castigo.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Primeiro encontro

E esta manhã, a Becky e a Tigreza viram-se pela primeira vez. A Titi dentro de casa, e a Becky na varanda.
Inicialmente, a Becky bufou e a cauda eriçou-se, mas como a Titi reagiu calma e curiosa, submetendo-se, ela acabou por deixar de bufar, e o resto do tempo iam olhando uma para a outra, tranquilas.
Parece que vai correr bem...

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Becky, a novidade

E finalmente, a Becky já está cá em casa. Não estamos ainda a fazer a tentativa de adaptação à Tigreza, pois como ainda vamos de férias este mês, precisamos estar cá para garantir que tudo corre bem. Mas já está cá, na garagem/cave, desde ontem à noite.
Inicialmente, ela estranhou bastante, porque não conhecia o espaço e ficou confusa. Mas acabou por começar a explorar, tal como todos os gatos adoram.
Hoje já estive com ela lá em baixo, a fazer companhia, e ela até veio passear ao pátio. Está feliz, tudo é novidade, e ela aproveita para se esticar. Só espero que, quando for o momento de ela vir para cima, tudo corra bem também...

Adoro a minha pantera :)

Sonho realizado :)

E finalmente, depois de postar as fotos e todos os vídeos, cá estou para contar (minimamente) como foi a concretização de um dos meus maiores sonhos.
No passado Domingo, dia 31 de Julho de 2011, finalmente vi um concerto dos BON JOVI.
Era algo que esperava há 15 anos, e foi maravilhoso!

Fomos de comboio rumo a Lisboa, bem cedo, após quase não ter dormido (seria de ansiedade?). No comboio lá tirei uma sonequinha, e chegamos lá a horas de almoçar. Como simplificava, o local escolhido foi o Shopping Vasco da Gama.
Eram 15h09, estávamos a apanhar o autocarro, rumo ao Parque da Belavista. E pronto, os autocarros em Lisboa são meio confusos a dizer as paragens, quando demos conta, saímos na paragem seguinte. A sorte: ficava a cerca de 200 metros da anterior :p
O calor apertava, quando chegamos junto do recinto, ao cimo da rua. E foi quando vimos a fila de pessoas a aguardar para entrar...! E nem 16h eram... Mas lá fomos para a fila, todos animados. O sol é que não ajudava muito... Felizmente, corria uma brisa, que aliviava um pouco!

Algum tempo depois, a fila começou a avançar, primeiro um metrinho de cada vez, e depois uns quantos passos. A entrada estava cada vez mais perto, e os Bon Jovi também!

Assim que entramos, fomos directo à barraquinha do merchandise oficial... E fiquei perdida! Queria algo para recordar este dia maravilhoso, mas tinha tanta coisa gira! Optei pela típica t-shirt de tour (embora tivesse outras, lindas também), o boné lindão e o colar (de babar!).
Seguimos depois para a nossa zona do recinto (sim, a semi-vip lolol), Golden Circle. E fiquei pasmada quando vi o quão perto do palco era!!! Sabia que ia ficar numa zona especial, e que era garantido que mais longe do que o limite máximo da mesma não ficaria, mas não esperava que fosse tão próximo da frente. Foi o êxtase!
Como ainda era cedo (cerca de 16h45), resolvemos sentar na relva sintética, a relaxar as pernas (eu cheguei até a deitar, hehehehe). À medida que o tempo passava, a tensão aumentava, e ao ver o símbolo dos Bon Jovi a mover-se nos ecrãs laterais, ia ficando mais nas nuvens, sem no entanto ficar consciente de que eles estariam ali, em poucas horas.
Antes de actuar a primeira banda, o pessoal começou a levantar-se, e então optamos por fazer o mesmo e chegar-nos para a frente o mais possível. Quando a primeira banda actuou, os Red Lizzard, eram 19h, e já as nossas pernas e pés doíam... Cantaram durante 15 minutos, e saíram. Entre eles e os Klepht, a segunda banda da noite, passou o que pareceu uma eternidade. Creio que já passava das 20h quando eles chegaram. Nem vi quanto tempo cantaram, estava muito focada nas dores atrás dos joelhos lol.

E o dia foi-se tornando noite, e o palco ficou sem gente. O símbolo a rodar nos ecrãs tornou-se o que parecia fogo, e nós à espera. Mais para a frente, mais apertados, mais cansados. Eu já pensava "como vou aguentar duas horas e meia de concerto??".

Eram 21h15, quando subitamente o ecrã gigante no palco pareceu incendiar-se. Os gritos das pessoas abafavam o céu... E minutos depois... Entram eles, os reais, os Bon Jovi. Esqueci as dores nas pernas, nas costas. Esqueci tudo.
Aos primeiros sons de "Raise Your Hands", o pessoal foi ao rubro. Toda a gente gritava, cantava, saltava. As mãos no ar eram aos milhares (mais exactamente um par de mãos para cada uma das 59.000 pessoas), as palmas, a emoção. Não há como descrever.
Não sei quanto tempo demorei a cair na realidade e a perceber que aquelas pessoas em cima do palco eram mesmo os Bon Jovi, em carne e osso. Era mesmo o Jon Bon Jovi...
Fui dominada pelo meu "eu" de 15 anos. Apaixonada por ele, apaixonada pela música deles, e feliz.
O concerto foi simplesmente fenomenal. O último da Tour The Circle, e já se esperava que a banda desse mais do que nos outros. Em vez de 2 horas e meia, o concerto durou quase 3!
Cantei quanto pude, berrei, dancei, saltei, bati palmas, agitei os braços, filmei, e quase chorei várias vezes...
Não lembro de todas as músicas que tocaram, mas ocorre-me:
- Raise Your Hands
- It's My Life
- Wanted Dead or Alive
- I'll be There For You
- We Weren't Born to Follow
- When We Were Beautiful
- Livin' On a Prayer
- Keep The Faith
- Always
- In These Arms
- Bad Medicine
- I'll Be There For You
- Captain Crash and the Beauty Queen From Mars
- Have a Nice Day
- I Believe
- I'll Sleep When I'm Dead
- I Love This Town
- Born to Be My Baby
- This Ain't a Love Song
- These Days
- (It's Hard) Letting You Go
- Pretty Woman
- Twist 'n' Shout (Beatles)

Mais coisas houveram, mas não consigo lembrar de todas...
O concerto acabou depois das 0h, e apesar de me doer todo e qualquer pedacinho do corpo, estava incrivelmente feliz. Estava cansada, mas desejosa de ver os vídeos que tinha gravado no telemóvel, e as fotos. De relembrar tudo, de ouvir as músicas de novo.
Como o comboio saía às 01h35, não tivemos opção senão chamar um táxi. O taxista chegou junto de nós 40 minutos depois, pois as estradas estavam cortadas (os Bon Jovi são mesmo importantes, hehehe), e em 5 conseguiu pôr-nos na estação.
Apanhamos o comboio, e este teve pelo caminho um atraso enorme, pelo que eram 6h quando me deitei na cama. Tinha as músicas na cabeça, as imagens no coração...

Amei... Valeu tudo a pena. Até breve, Bon Jovi, assim espero!



domingo, 29 de maio de 2011

Vazia

As palavras foram claras:
- Ela não tem coração.
No lugar dele, uma pedra inerte jaz, no que outrora terá sido uma fábrica de emoções e sentimentos. Hoje, nada além do frio existe, nada mais do que a indiferença e a incapacidade de sentir.
É uma caixa vazia, que simula vida, mas cuja vida, na verdade, há muito abandonou.
Tristeza por isso? Não... A vida é assim, um representar, um aguardar o último suspiro.


23.04.2011

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Quem magoa um sinal, leva uma vacina...

Esta "aventura" começou ontem.
Após o almoço, ainda a placa do fogão estava quente, e a Tigreza (Titi, para os amigos), estava a pedir-me comida (apesar de já lhe ter dado húmidos, duas vezes, para ela me deixar almoçar sossegada).
Resolvi dar-lhe um biscoito, e fui até ao balcão. Contrariamente ao costume, ela resolve subir para o balcão ainda longe de mim, e começa a caminhar na minha direcção. Pelo caminho, passou por cima da placa do fogão (coisa que nunca fez, pois sente o calor dos discos), e não fui a tempo de fazer nada.
Quando ela sentiu que uma das patas pousou no disco, saltou balcão fora e fugiu.
Lá pegamos nela, para mergulhar um bocadinho a patinha em água fresca. Ela no meu colo, a minha mãe com uma tigelinha com água. Deixou mergulhar a pata. Ficou uns segundos. E de repente, viu o fogão, e disparou do meu colo para fora, usando-me como rampa de lançamento.
Resultado: Um arranhão no peito, um arranhão no braço, vários arranhões no ombro.
Problema: no ombro apanhou-me um sinal saliente. Umas horas depois, vejo que o sinal estava pendurado por um fio...
Excelente.

Hoje, resolvi então ir ao posto de saúde,  para ver se a enfermeira podia ver o que se deveria fazer com o "sinal pendurado".
Surpresa: Assim que entro na sala de enfermagem e me identifico, a enfermeira diz "Tem as vacinas em atraso."
"Oh, não...", pensei eu.
- Pois tenho. - respondi. - Há uns 15 anos. - Ainda fui corajosa.
- Na verdade, há quase 20. - Responde ela, sem se deixar apiedar pelo meu ar desajeitado. - Vai tomar hoje. Tem o boletim de vacinas?
- Não. - Digo eu, na esperança de adiar o sacrifício mais umas semanas.
- Não faz mal. Toma hoje na mesma, e depois traz, para actualizar.
"Raios!", pensei. Mas sorri, e disse:
- Está bem.
Quando ela viu o sinal, felizmente não achou nada de grave. Tentou arrancar o fio com o uso do penso que eu tinha posto (não foi lá muito simpático), e depois lá se decidiu a fazer diferente. E foi buscar a tesoura. Sim, tesoura. CORTARAM-ME um sinal, com TESOURA. Se senti? Sim. Se foi suportável? Sim, não morri. Aliás, a circulação naquele bocadinho de carne já nem devia existir, pois nem sangue deitou.
Lá pôs umas compressas para proteger e a roupa não magoar, e depois lembrou-se:
- Agora, vamos à vacina.
"Raios partam a memória da enfermeira..."
Decidi não pensar. Aquele braço não seria meu, seria de borracha. É isso, borracha. Borracha é mole, não dói. Como o cão que usamos no HVP, para fingir que fazemos pensos.
A estagiária (penso eu), preparou a vacina, e antes de espetar, avisou que ia sentir uma "piquinha". Pois sim. Uma agulha de adulto, é uma PICA.
Senti, claro. Não me mexi, deixei o braço bem mole e solto. A dor por ter algo espetado na carne fez-se sentir um pouco, como é normal, e finalmente, a agulha saiu. Recebi as recomendações para a vermelhidão ou "caroço". Agradeci e saí. O braço ainda doía, tinha uma sensação estranha de algo a espalhar-se lá dentro.
"Afinal, não é tão mau como ouço tantos ADULTOS a dizerem.", pensei. "Piegas".


Sinto-me: Vacinada e mais leve (menos um sinal).